terça-feira, 29 de maio de 2012

O Mundo da Fantasia


"Um otário nasce a cada minuto..."

  Bom, esta postagem sinceramente não estava nos meus planos. Mas vagando pela internet recentemente, como sempre, acabei indo parar pelas comunidades e grupos relacionados a ocultismo. Apesar de eu ser quase contra o chamado "orkultismo", é impossível negar que essas ferramentas atuais foram absurdamente úteis na divulgação de MUITO material interessante, que antes era restrito a quem podia encomendar livros caríssimos lá de fora.
 

  Outro ponto forte interessante da internet se envolver com ocultismo, foi a aproximação de ocultistas experientes e com uma vivência prática grande do pessoal interessado em começar, ou que - como no meu caso - estava começando a aveturar-se na prática. Claro, isso tudo foi muito bom. Tal aproximação resultou em amizades, inimizades, conflitos (a maioria dos meus me fez evoluir) e orientações por parte dos mais antigos. Ou seja, saímos todos ganhando. Aparentemente. 
 
   Junto com a internet veio a facilidade. E com a facilidade, para alguns, veio a preguiça. Uma preguiça gigantesca, que fez os foruns abarrotarem de perguntas estúpidas, facilmente encontradas em livros, e praticamente extinguiu os tópicos de "pequenos feitos" e "pequenos rituais". De uns tempos pra cá, os foruns, grupos e comunidades on-line voltados ao tema ficaram com uma super lotação de "mestres", evocadores, e professores de magika e praticamente sem nenhum estudante ou aprendiz. Claro, isso fez a maioria das comunidades de orkut falir de vez.

   Não fosse apenas este pequeno problema (facilmente resolvido, se os que realmente são antigos estudiosos esmagassem o Ego destes novos pseudo-ocultistas), vieram um tipo ainda mais patético. Os charlatões. Estes, não satisfeitos em dizer-se "fodões", faziam ainda questão de querer ensinar técnicas, dar conselhos e contestar conhecimentos que surgiram a décadas (ou milênio) antes dos mesmos sonharem em urinar nas fraldas.

    Para completar a peça, há ainda aqueles que começaram a cobrar por "serviços prestados" e "mão de obra", extorquindo pessoas que, se não necessitavam de urgente ajuda espiritual, no mínimo precisavam de auxílio médico/psicológico. Me falta palavras para dizer o quão repugnante é um ser que mal sabe soletrar cobrar 2.500$ de uma mulher por uma amarração. Ou um outro sujeito patético criar do nada uma "ordem iniciática" espiritualizada, pura fachada para suas charlatanices e extorsões.

   Há aqueles que deturpam por prazer conhecimentos antigos. "Avatares" de deuses que ensinam meditação. Magos "goéticos" (!) em todos os cantos - alguns até se dizendo os "pioneiros nesta arte". Templos onde milhares de reais giram em torno de uma mistura esquizotérica de Kimbanda,Goétia,Candomblé,Umbanda,Vodoo,S. Cipriano, Magika egípcia, Wicca e outras aberrações contraditórias do estilo.

   Peguei-me pensando nisto esta noite, e divaguei comigo mesmo: De quem será a culpa? Do material disponibilizado que é usado de forma errônea? Não... Destes charlatões pobres em espírito e intelecto, mas que em muito sobra mal caráter? Também não, afinal poderiam ser evitados, desmascarados e humilhados - senão até presos ou surrados em público. Então cheguei a uma conclusão. O ocultismo é algo feio. Obviamente, o mundo da fantasia vende. E vende bem. Muito melhor que pensamos. Talvez venda tão bem quanto as igrejas evangélicas e as IURD da vida...
   
    Então recordei -me de uma cena citada por Crowley em seu "Livro das Mentiras" a qual eu reproduzo abaixo - e faço minhas as palavras deste ocultista:
   
          “Ensina-nos Teu segredo, Mestre!”, tagarelam meus selvagens.
Então, para a dureza dos seus corações e para a sutileza das suas cabeças, eu os ensinei magia.
Mas…
“Ensina-nos Teu segredo real, Mestre! como tornar-se invisível, como conseguir amor, e oh! além de tudo, como fazer ouro!”
“Mas quanto ouro vocês me darão pelo Segredo das Riquezas Infinitas?”
Então disse o primeiro e mais estúpido: “Mestre, isso não é nada; mas aqui estão cem mil libras.”
Isto eu aceitei condescendente, e sussurrei em sua orelha este segredo:
“UM OTÁRIO NASCE A CADA MINUTO.”
     
    

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