quinta-feira, 17 de maio de 2012

Complexo de Fausto - parte 2

   Ah, as Vontades de nossos tutores "demoníacos". A prisão em si mesmo proporcionada por esta Vontade não é tão agradável quanto parece - mas vejamos a análise sob a perspectiva de Fausto, e tentemos traçar um paralelo. 
    É normal nos dias atuais que os ocultistas comecem seus estudos por práticas pesadas e "sinistras" em natureza. O desafio da dificuldade deixa tudo mais desejoso e atrativamente mais perigoso. Como uma lâmpada a uma mariposa.
   

    No conto de Goethe, o personagem-título é um exemplo de Evocador, o qual não conquistando sucesso em sua convocação elemental do Fogo (em algumas versões, o elemental é da terra) cai em frustração consigo mesmo. Seus estudos de nada valeram. Até que recebe a visita de Mephistófeles, um antigo Demônio, o qual havia feito uma aposta com os Anjos, baseada naquel feita entre Satan e IHWH no livro de Jó da bíblia.
     Goethe utiliza dos espíritos e entidades em seu conto para, de certa forma, prevenir quanto a entidades "bem intencionadas demais", recordando-nos que elas podem usar a todos como peças em seus próprios interesses. Peças estas que costumam ser frágeis e descartáveis.
      Três fatos interessantes são mostrados com a chegada de Mephistófeles: O erro de Fausto ao traçar um dos sigilos de proteção que deveriam selar sua casa, permitindo a entrada pela porta; e a saída de uma entidade necessariamente ser pela mesma entrada do local em que ela chegou. Pontos interessantes, mas não tanto quanto o famigerado "pacto de sangue" feito entre ambos. A coleta do fluído energético do magista é imprescíndivel para a entidade. É com este que a mesma ganha "poder de influênciar" e manipular o mesmo a bel-prazer. Assim se estabelece o link energético entre ambos de forma que tanto Fausto consegue alcançar Mephistoféles quanto o contrário, e juntos "viajam" e realizam grandes feitos.
      "Não há melhor seiva, senão o sangue" - diz a sinistra figura de Mephistófeles, expressando o leque de possibilidades presente na utilização de tal fluído.
       Ao fim do conto, Fausto morre, como todos nós iremos um dia. Em algumas versoes do conto, ele termina arrastado ao Inferno por Mephistófeles, para a danação - em outras os Anjos vencem. Ainda há uma terceira onde Mephisto, associado ao mesmo, vaga com ele pelo mundo devido a afinidade compartilhada por ambos. Todos os finais são bem filosóficos e espelham alguns possíveis aspectos da evocação demoníaca. Mas esta interpretação deixarei a parte de cada um.
      
      Assim ocorre com os ocultistas atuais, mas raras vezes uma entidade nos apadrinhará. Se não formos cuidadosos encerraremos como meros escravos da vontade alheia ou Universal. Ainda assim é impresssionante o número de "ocultistas" que ignoram estes avisos...
       
        Determinadas lendas dizem que Fausto foi um homem que existiu em algum ponto de Londres e ficou famoso por seus relatos de conseguir evocar um Diabo, e conversar e obter coisas dele, a partir de suas descobertas de simbologia. Este mesmo homem teria terminado sua vida morto dentro do rio Tâmisa, com o corpo retalhado.
         Fausto é mais que um espelho do mundo ocultista criado por Goethe. É um complexo presente na maioria dos estudiosos de magika, seja lá qual a via eles sigam ou sistema utilizem. Aos nossos olhos acostumados com as cortinas de matéria, a clareza do mundo etéreo é quase sempre ofuscante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário