Mais que um mero fenômeno, este complexo pode afetar um ocultista dos mais experientes. Quanto mais se olha o abismo, mais o abismo olha para você. Enquanto o Astral e o mundo Ocultista parecem mais atraentes, mais a realidade física e meramente material fica insuportável. O tédio toma conta da vida e as coisas rotineiras passam a perder o sentido.
Somos atraídos pela Mágika como para um buraco negro. O físico torna-se mais pesado, o tempo corre mais lento. Somente nos sentindo realizados quando em contato com as energias de outros planos. Ou ainda pior, quando estamos em outros planos.
Esquecemos da Carne sem trascende-la. Sentimo-nos como uma entidade. A vontade de ser liberto de uma vez por todas das limitações físicas torna-se cada vez mais atraente...
E as entidades com as quais lidamos parecem gostar disto. E incentivar esse aspecto de insanidade que afeta muitos ocultistas, que se tornam pessoas arrogantes, reclusas, dedicadas 100% ao estudo. E esquecem que precisam comer, dormir, e aproveitar certos aspectos da vida.
Tudo parece possuir uma finalidade ocultista, e a magika te persegue em tudo que se lê, vê ou pensa. Impossível desviar-se deste assunto. Somos totalmente tragados por ele, até que nos tornamos como Fausto em seu mito escrito por Goethe. Apenas a sombra de um demônio, que a todo momento nos sussurra o que fazer e como agir.
E se não damos rapidamente conta de mudar esta vida, morremos atrás da estante, por alguma doença relativa a insônia e a falta de alimento e exercício físico. A mente esgota-se, o cérebro cansado já não junta duas linhas direito. E então percebemos, já tarde demais, que estamos enlouquecendo. Que não somos apenas material etéreo. E que nossa carne jaz semi-morta entre as páginas amareladas de um livro...
Este é o complexo de Fausto. Quando o próprio ocultismo passa a obsediar o magista, sugando tudo que ele tem a oferecer, sem nada a conceder em retorno. O universo não é mais subjugado a Vontade - ele sobrepujou a Vontade e a batalha foi totalmente em vão. Muitos se perdem neste caminho.
Agora, prosseguirei com esta peça mais tarde. Apesar da minha relutância de sair de casa para sequer atravessar a rua, eu realmente necessito sair de casa - e o faço com aquela cara de desgraça, de quem gostaria de ficar e regozijar na insânia por mais alguns momentos... Mas eu não estou aqui para ser derrotado por mim mesmo.
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